quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Menino Azul - Cecília Meireles


O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles


     

    quarta-feira, 18 de junho de 2014

    Proteção


     
     
    Venho de uma família de mulheres guerreiras, que não se abatem facilmente, que não aceitam simplesmente o “não” como resposta. Isso me ajuda muito no processo com Lucas, cada vez que o vejo distante ou separado dos amiguinhos, tento trazê-lo de volta, tento inserí-lo em um mundo ao qual ele precisará viver, quisera eu eternamente comigo. Mas, sabemos que isso não será possível, um dia, eu e o pai não estaremos mais aqui e ele precisará estar pronto para encarar este mundo. Somos pais, protetores por natureza, no caso de uma criança que tenha alguma dificuldade então, essa proteção muitas vezes é dobrada, e no meu processo de aprendizagem descobri que não faço bem ao meu filho com a super proteção, que preciso deixá-lo crescer. Engraçado não? Em uma conversa informal percebi que ainda tratava meu filho como se ele tivesse 4 aninhos e ele já está com 7. É necessário que ele aprenda a se defender, a se comunicar, tudo o que podemos fazer é descobrir as oportunidades, mostrá-las e incentivá-lo. Em uma conversa com a psicóloga ela nos alertou sobre como não são todas as pessoas que irão tratá-lo com o mesmo carinho e paciência que os pais e, realmente, é verdade. Vivemos em um mundo de intolerâncias, falta de respeito, falta de amor ao próximo e as crianças com este quadro mantêm a inocência, a pureza e a sensação que tenho é que podem ser tão facilmente manipuladas, isso assusta. Algumas vezes me deparo com pensamentos de como não é fácil esta luta, afinal, sou humana, gostaria de ver meu filho se desenvolvendo normalmente como outras crianças e não para que ficasse mais fácil para mim, mas, para ele. O sentimento de que não poderemos protegê-lo sempre é avassalador. Toda mãe quer defender seus filhos com unhas e dentes, quer que sejam bem tratados, aceitos, não sofram discriminação. Tenho lido muitos depoimentos, livros, artigos de pessoas que passaram pela mesma situação e o que me fortalece, além da minha fé, é perceber que os avanços são muitos e que a evolução, a vida praticamente normal, é possível.
     

     

    Associação Metamorfose

     
    Este é o grupo que comentei com vocês que o Lucas iria começar. Eles fazem um trabalho multidisciplinar com equipe de terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicólogo. Abaixo estão os contatos da equipe de Macaé.
     
     

    segunda-feira, 16 de junho de 2014

    Colégio Atlântico

    Quero fazer um agradecimento especial a toda equipe do Colégio Atlântico pela dedicação e carinho com que abraçaram a causa do Lucas. Vocês já estão fazendo muita diferença em nossas vidas. Ele agora chega em casa e me pede para fazer as tarefinhas. Profissionais como vocês são especiais. Parabéns a toda equipe. Boas férias!





    POEMA DOS AUTISTAS...




    Construa-me uma ponte

    Eu sei que você e eu 
    Nunca fomos iguais.
    E eu costumava olhar para as estrelas à noite
    E queria saber de qual delas eu vim.
    Porque eu pareço ser parte de um outro mundo
    E eu nunca saberei do que ele é feito.
    A não ser que você me construa uma ponte, construa-me uma ponte,
    Construa-me uma ponte de amor.

    eu espero pelo dia no qual você sorrirá para mim
    apenas porque perceberá que existe uma pessoa decente e inteligente
    enterrada profundamente em meus olhos caleidoscópios,
    pois eu tenho visto como as pessoas me olham
    embora eu nada tenho feito de errado.
    construa-me uma ponte, construa-me uma ponte,
    e, por favor , não demore muito.

    Vivendo na beira do medo,
    Vozes ecoam como trovão em meus ouvidos,
    Vendo como eu me escondo todo dia.
    Estou apenas esperando que o medo vá embora,
    Eu quero muito ser uma parte do seu mundo.

    eu quero muito ser bem sucedido,
    e tudo o que preciso é ter uma ponte,
    uma ponte construída de mim até você,
    e eu estarei junto à você para sempre,
    nada poderá nos separar,
    se você me construir uma ponte, uma pequena, minúscula ponte
    de minha alma, para o fundo do seu coração.

    (Mc Kean, autista, escritor)

    Autismo


    Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:
    * Inabilidade para interagir socialmente;
    * Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;
    * Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
    O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há comprometimento da fala e da inteligência), até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.
    Os estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.
    Sintomas
    O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
    1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
    2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
    3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
    Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.
    Diagnóstico
    O diagnóstico é essencialmente clínico. Leva em conta o comprometimento e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
    Tratamento
    Até o momento, autismo é um distúrbio crônico, mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar.
    Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado. Cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se com o uso de medicamentos, especialmente quando existem co-morbidades associadas.
    Recomendações
    * Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de desequilíbrio para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados;
    * É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com o autista;
    * Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;
    * Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, as limitações que o distúrbio provoca devem ser respeitadas. Há casos em que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais individualizado;
    * Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade.

    Fonte: http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo/

    quinta-feira, 12 de junho de 2014

    Buscando conhecimento



                 Encontrei um blog muito interessante, O mundo maravilhoso dos autistas, caso queiram conhecer está na lista de Leitura Legal, no lado direito. Ele fala sobre os distúrbios invasivos e traz relatos de uma autista adulta. Destaquei algumas características que identificamos no Lucas. Hoje ele já suporta melhor alguns barulhos, mas, a um tempo atrás ele ficava agitadíssimo, Reveillon com fogos era impossível para ele.




    "Minha audição funciona como se eu usasse um aparelho auditivo cujo volume só funciona no"super alto". É como se fosse um microfone ligado que capta todo o barulho ao redor. Eu tenho duas escolhas: deixar o microfone ligado e ser inundada pelo barulho, ou desligar. Minha mãe conta que algumas vezes eu agia como se fosse surda" (Grandin, 1992, p.2)"Quando eu era pequena, barulhos altos eram um problema, geralmente eu o sentia como sefosse a broca de um dentista pegando um nervo. Eles de fato me causavam dor. Eu tinha medo de balões estourando, porque o som parecia uma explosão nos meus ouvidos" (Grandin, 1995, p.67)

    Estímulo Auditivos
    • Fica muito incomodado ou irritado com sons altos ou inesperados, como o estouro de balões, enceradeira , secador de cabelo e fogos de artifício.


    • Distrai-se facilmente ou tem dificuldade para concentrar-se com barulho ao redor (Ex: televisão ligada , ventilador, rádio).


    • Tampa os ouvidos com as mãos sem motivo aparente


    • Chora em lugares cheios e barulhentos.



    Crianças hipersensíveis tendem a ser mais agitadas, pois sua atenção é constantemente solicitada por estímulos irrelevantes. É o barulho da geladeira, a etiqueta da blusa que incomoda, o mosquito voando com aquele barulho irritante, o cheiro da merenda do colega, o brinquedo colorido do vizinho, que ele agarra impulsivamente, mas logo solta, já atraído por outros estímulos, indo de ponto a ponto, como que prisioneiro dos estímulos ambientais. Para algumas crianças os estímulos ambientais são tão perturbadores, que elas acabam se isolando, como relatado por Grandin (1992.p.7):



    "Eu provavelmente criei um mundo à parte para me proteger dos estímulos com os quais eu não conseguia lidar".

    Fonte: http://omundomaravilhosodosautistas.blogspot.com.br/